"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora.
Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para
bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará
um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra.
Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que
se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove
com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça,
olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se
insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos
a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando
ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que
damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se
acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a
casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente
cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode
dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as
razões que levaram certas coisas que eram tão importantes e sólidas em
sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O
que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos,
adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os
pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi
embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por
isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir
recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou
doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação
do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o
desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que
outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não
espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que
descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão
emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você
sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada
mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são
aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar,
decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se
de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa
- nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando
ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas
porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche
a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem
era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e
assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres
alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
O Cão Arrependido
Volta o Cão Arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas
Melhor que isso
O William Arrependido
Volta o William Arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas
Volta o William Arrependido, arrependido de que? Bom, talvez
de ter feito muitas coisas alem do que deveria, podia ou então queria,
arrependido de ter dedicado meu precioso tempo para ajudar quem não merece,
buscar o que não devia, sonhar alto demais, tentar ser uma pessoa igual sendo
completamente diferente, arrependido de ter tentado agradar a todos e não
agradar ninguém, não que as pessoas não tenham ficado felizes, mas e eu fiquei
feliz? Sendo, parecendo ou então dizendo ser aquilo que não sou? Arrependido de
ter uma vida que nem sempre se explica, um coração confuso, a ponto de não
saber nem se quer tomar água ou coca, mas alem dessa decisão simples, confuso também
com o amor, não sabendo escolher a pessoa certa, ou melhor, só escolhendo a
pessoa errada, quantas vezes eu não amei a mim, mas não por falta de amor, mas
por amor demais me levando pra alguém quem?
Com suas orelhas tão fartas, fartas de que? Talvez fartas de
tentar ouvir um conselho, talvez fartas de ouvir coisas sem sentido ou nexo,
coisas que não somam nada, apenas subtraem, fartas de ouvir e dar importância aquilo
que as pessoas dizem, fartas de serem puxadas, arranhadas, criticadas,
chingadas, dificilmente elogiadas.
Com seu osso roído, roído de cair, cair e cair, levantar, cair,
levantar e cair novamente, roído de tanto tentar reerguer aquilo que já esta
pisado, jogado e massacrado no chão, até quando isso será assim? Quando irei
parar de cair? Quero me levantar, mas parece que tem uma corda que me puxa pra
baixo. Roído de tanto andar, sorrir, chorar, ganhar e perder, fazer o que
podia, lutar contra o amor, vencer se achando perdedor! Roído de viver
desprezando meu ego, dando migalhas como se fosse um cego, se enfeitar,
produzir, olhar no espelho e só ver a mim, puro, simples e só!
E com o rabo entre as patas, como cãozinho que fez algo
errado, mas o que é errado? Aquilo que eu faço ou o que as pessoas não
consideram certo? Errado é esconder aquilo que a alma quer gritar, é camuflar o
que realmente sou sou pra agradar uns e outros, quem me ama me aceita como sou,
até quando um falso sorriso vai ser mais importante que sentimentos
verdadeiros?
Penso até que sou louco, mas ser louco é o que? Se a loucura
não existe, o que é ser louco? Eu sei o que é, ser louco é ser feliz, e como a
loucura não existe, a felicidade não existe também, ou será que existe e fica
escondida, tanta gente busca por dias, meses, anos e até uma vida toda e não
acha a felicidade, eu sou feliz, feliz por que sei ver a felicidade em pequenos
momentos que parecem irreais!
"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu
queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na
certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas
eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de
circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu
tinha medo, do que não ficava para sempre. Era outra vez, outro circo, ciganos
e patinadores. O circo chegou a cidade era uma tarde de sonhos e eu corri até
lá. Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, e
eu entrei no meio deles e falei que eu queria ser trapezista. Veio falar comigo
uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma
moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que
nada era impossível. Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o
Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público.
De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando. A lona do
circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto. Quando eu
cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí, eu vi
que eu estava sozinho".
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