Translate

sábado, 13 de novembro de 2010

O Cão Arrependido


Volta o Cão Arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas

Melhor que isso

O William Arrependido
Volta o William Arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas


Volta o William Arrependido, arrependido de que? Bom, talvez de ter feito muitas coisas alem do que deveria, podia ou então queria, arrependido de ter dedicado meu precioso tempo para ajudar quem não merece, buscar o que não devia, sonhar alto demais, tentar ser uma pessoa igual sendo completamente diferente, arrependido de ter tentado agradar a todos e não agradar ninguém, não que as pessoas não tenham ficado felizes, mas e eu fiquei feliz? Sendo, parecendo ou então dizendo ser aquilo que não sou? Arrependido de ter uma vida que nem sempre se explica, um coração confuso, a ponto de não saber nem se quer tomar água ou coca, mas alem dessa decisão simples, confuso também com o amor, não sabendo escolher a pessoa certa, ou melhor, só escolhendo a pessoa errada, quantas vezes eu não amei a mim, mas não por falta de amor, mas por amor demais me levando pra alguém quem?
Com suas orelhas tão fartas, fartas de que? Talvez fartas de tentar ouvir um conselho, talvez fartas de ouvir coisas sem sentido ou nexo, coisas que não somam nada, apenas subtraem, fartas de ouvir e dar importância aquilo que as pessoas dizem, fartas de serem puxadas, arranhadas, criticadas, chingadas, dificilmente elogiadas.

Com seu osso roído, roído de cair, cair e cair, levantar, cair, levantar e cair novamente, roído de tanto tentar reerguer aquilo que já esta pisado, jogado e massacrado no chão, até quando isso será assim? Quando irei parar de cair? Quero me levantar, mas parece que tem uma corda que me puxa pra baixo. Roído de tanto andar, sorrir, chorar, ganhar e perder, fazer o que podia, lutar contra o amor, vencer se achando perdedor! Roído de viver desprezando meu ego, dando migalhas como se fosse um cego, se enfeitar, produzir, olhar no espelho e só ver a mim, puro, simples e só!

E com o rabo entre as patas, como cãozinho que fez algo errado, mas o que é errado? Aquilo que eu faço ou o que as pessoas não consideram certo? Errado é esconder aquilo que a alma quer gritar, é camuflar o que realmente sou sou pra agradar uns e outros, quem me ama me aceita como sou, até quando um falso sorriso vai ser mais importante que sentimentos verdadeiros?
Penso até que sou louco, mas ser louco é o que? Se a loucura não existe, o que é ser louco? Eu sei o que é, ser louco é ser feliz, e como a loucura não existe, a felicidade não existe também, ou será que existe e fica escondida, tanta gente busca por dias, meses, anos e até uma vida toda e não acha a felicidade, eu sou feliz, feliz por que sei ver a felicidade em pequenos momentos que parecem irreais!

"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre. Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou a cidade era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, e eu entrei no meio deles e falei que eu queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era impossível. Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público. De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando. A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto. Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí, eu vi que eu estava sozinho".

Nenhum comentário:

Postar um comentário